segunda-feira, 21 de março de 2011

Naquele dia, a garoa estava bem forte. Eu havia descido do trem, desviado de alguns pedintes que estavam em frente a estação e caminhava pra casa. Fazia frio, mas um frio suportável. Ainda assim, o que eu mais queria, era tomar um banho quente, colocar umas roupas cheirosinhas e cair no sofá, de frente pra TV, tomando uma sopa pelando. E ali, na segunda ou terceira esquina da avenida, havia uma homem caído, coberto de papelões, levemente molhados pela garoa. Ele não tinha mais nada. Mais ninguém. Todos o haviam abandonado. Todos! Com exceção de um. Um cachorro todo surrado repousava ao seu lado. Não havia comida, nem água, muito menos um cobertor. O cãozinho não tinha nenhum atrativo pra estar ali. Seu único atrativo era o calor daquele homem. E sua companhia. Assim, ele não se sentiria sozinho. Eles, na verdade. Passei bem pertinho dos dois e por um instante, enquanto dormiam, sorriram pra mim, serenos. Virei-me e continuei meu caminho, invejando por alguns instantes, aquela amizade verdadeira.


Pra escutar enquanto lê


Raridade!

"(...) qualquer dia amigo eu volto a te encontrar, qualquer dia amigo a gente vai se encontrar"

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