sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Senti-me constrangido, nem me lembro se pela primeira, segunda ou terceira vez. Ela me olhava como se me desejasse há muito tempo, como se me conhecesse há muito tempo. Seus olhos permaneciam fitos em mim, incessantemente. Eu desviava o olhar, enrubescia, desviava o olhar novamente, mas sempre que meus olhos voltavam, lá estavam os dela. Fixos, concentrados, desejosos, arredios. Torci para que ela fosse embora logo. Afinal, já havia passado da fase do enrubescimento. Ela se desencostou da parede onde estava apoiada e foi em direção à porta. Eu suspirava por dentro, de alívio, de redenção. Assim que a porta se abriu, ela buscou meus olhos de novo. Se despediu como se dissesse, eu ainda te encontro. E assim que a porta se fechou, eu senti falta daqueles olhos que tanto me desejavam."

(30/07/2010)

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