terça-feira, 30 de março de 2010

Ah, as palavras...


Muitos me perguntam por que escrevo,
Se tenho alguma inspiração.
Respondo-lhes que não.
Não preciso de nada disso para escrever.
Tenho uma relação de amizade com as palavras.
Eu gosto muito delas e elas de mim.
Os verdadeiros amigos precisam de algum motivo,
Para fazer uma visita?
Uma surpresa?
O melhor não é quando aparecem sem que esperemos?
A alegria que sentimos não é maior?
Pois então,
Assim fazem comigo as palavras.
Passam dias e dias em minha presença.
Porém, como todo bom amigo, elas também se retiram.
Às vezes, se escondem, se afastam.
E eu as compreendo.
Todos nós precisamos disso.
Mas, elas sempre voltam.
Mais fortes, mais fiéis, mais companheiras.
Hoje, decidiram me visitar.
Abri a porta de casa, ofereci-lhes um café,
Algo para comer.
Elas acenaram que sim,
E sentaram-se comigo à mesa.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Crônica de um sábado infeliz

Era sábado à noite.
Fazia frio, mas não chovia. Tanto que muitas pessoas andavam pelas ruas.
Não me lembro que horas eram. Talvez, já passasse das dez, porque muitos restaurantes já fechavam. Era comum naquela cidade.
Me arrisquei a ir a algum lugar para ouvir música, distrair-me um pouco.
Desisti e parei num dos poucos lugares que ainda tinha as portas abertas.
Apenas uma garota ocupava uma das mesas do lugar. Ela já estava prestes a terminar seu prato. Mas comia com tanta lentidão, que parecia não querer sair daquele lugar jamais.
Olhei num dos murais do restaurante e pedi o mais básico.
Em poucos minutos, tinha o lanche que havia pedido nas mãos.
Sentei na mesa de frente pra garota, que parecia cada vez mais absorta nos seus devaneios mais profundos.
Na terceira mordida, deixei o lanche de lado. Não era ruim, mas estava longe de ser bom. Continuava apenas com o refrigerante.
A garota olhou na minha direção, e eu, dei um leve aceno com a cabeça, ao qual ela não respondeu.
Parecia angustiada. Com medo de algo que nem ela sabia o que era.
Já tinha terminado o lanche. Ficara pensando por minutos. Olhava pra cima. Pra baixo.
Perguntei se estava tudo bem com ela. Ela disse que não.
Eu disse que ela parecia preocupada. E ela disse que não também, que só estava cansada.
Então, ela se levantou e pegou um café. Bebeu-o com certa rapidez. Não trocamos mais palavras.
Num súbito movimento, ela se levantou e foi embora.
Mais três pessoas haviam entrado no restaurante.
Todos riam.
Pareciam felizes.
Menos aquela garota. E o dono do lugar.
Quando terminei o refrigerante, pensei em voltar a procurar um lugar para ouvir música.
Mas tão logo pensei, desisti.
E pedi um café.
Quem me chamava a atenção naquela hora, era o dono do lugar. Também estava triste.
Eu ouvira por cima, uma conversa de que naquele mesmo dia, ele havia perdido uma boa quantidade de dinheiro com apostas.
Puxei assunto. E ele logo me deu atenção.
Sentou-se na mesa em que a garota estivera minutos atrás.
Me disse que havia perdido muito dinheiro naquele dia. E que estava angustiado e nem trabalhar conseguia.
Vivia sozinho na cidade. Era paquistanês, já havia até trabalhado para uma importante autoridade do seu país natal. E há um bom tempo, morava ali.
Tinha juntado dinheiro e comprado o restaurante.
Não tinha filhos, família, mulher.
Só. Era assim que vivia. E se sentia mal por isso.
Apostava como distração. Que logo, se tornou um vício.
Já tinha perdido dinheiro de todas as maneiras possíveis. E se conformava cada vez mais com aquilo.
Conhecera certa garota na internet. Do leste europeu. E ela, lhe prometera que moraria com ele. Mas, que pra isso, precisava de um pouco de dinheiro. Pra acertar as coisas.
Dinheiro não era problema pra ele.
E ele dera.
Não só o dinheiro.
Dera sua confiança, sua esperança, sua ilusão.
Perguntei onde estava a garota e ele disse, que ela ainda não havia conseguido ir.
Mas que em breve, iria. Se tudo desse certo.
E se ele enviasse mais um pouco de dinheiro para a viagem.
Perguntei-lhe se ele daria o dinheiro.
Ele deu de ombros. E me devolveu a pergunta, “o que posso fazer”?
Olhei no relógio e vi que precisava ir. Logo, o metrô pararia suas atividades.
Tentei lhe dar uns conselhos. Disse para ter cuidados com o jogo. E com as mulheres.
Ele sorriu e me disse que sabia disso, só que já não conseguia mais.
Desejei-lhe sorte, recebendo o mesmo voto da parte dele.
Saí do restaurante pensativo.
Naquele momento, chovia levemente.
As garotas que estavam na calçada, corriam para se proteger.
Atravessei a rua, em direção ao metrô. Quando ele chegou, entrei. E deixei pra trás, aqueles dois seres infelizes.

segunda-feira, 22 de março de 2010

"O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro."

(Mia Couto, escritor moçambicano, no romance "Terra Sonâmbula")

"Já caía a noite.

E com ela, um sereno leve.

Quase imperceptível.

Da varanda do apartamento, ela observava o mundo.

Lá embaixo, ele o vivia.

Se entreolharam.

E tudo parou por alguns segundos.

Ela corou.

Ele sorriu.

Ele deu um passo adiante.

E ela o seguiu com o olhar.

O que será que ela pensava?, imaginou ele.

Ela não pensava em nada.

Apenas sentia.

Um aceno breve com a cabeça.

Um, até mais ver, com o olhar.

Os dois sorriram.

Ela saiu do sereno e voltou ao calor do apartamento.

E ele, se foi, sem olhar pra trás e seguiu seu caminho."


(08/10/2009)

HILÁRIO!


Essa galera não tem mais o que inventar! rs

quinta-feira, 18 de março de 2010

Gosta de samba?

Se sua resposta for não, você deveria conhecer o grupo Casuarina!
Criado em novembro de 2001, o Casuarina é um dos principais grupos da nova cena carioca de samba.
É aquele som gostoso, de uma harmonia instrumental impressionante, com vocais que conquistam também!
A rapaziada já gravou um DVD MTV e a tendência é traçarem um caminho de muito sucesso no novo cenário da Música Brasileira.

Pra quem não conhece, deixo-lhes então com Casuarina, numa música de muito sucesso com a Paula Lima, É isso aí (isso é problema dela).






Música de primeiríssima qualidade!
Viva Casuarina e o samba! Viva a Música Brasileira!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Boas opções para o fim de semana!

Quem curte boa música e a um preço acessível, tem boas opções aqui na região do ABC!

Duas das novas "divas" da nova MPB se apresentam sexta e sábado.

Na sexta-feira (19/03), quem se apresenta é Marina de la Riva, cantora que mescla elementos da música cubana com um sotaque e sonoridade tupiniquim! Sucesso de público e de crítica também, se apresenta às 20h, no SESC São Caetano, com ingressos variando de R$3,00 (para trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes) a R$12,00.



Já no sábado (20/03), quem sobe ao palco, só que dessa vez do SESC Santo André, é a já bem conhecida Céu. Ela apresenta as canções do seu mais novo trabalho, Vagarosa, a partir das 20h. A apresentação pode ser vista com ingressos que vão de R$5,00 a R$20,00.


Céu é hoje em dia, uma das artistas com maior reconhecimento no exterior (não é à toa, que a mineirinha já conquistou dois prêmios Grammy! Não é pra qualquer um não!).


E apesar de muitos a considerarem um dos expoentes da nova MPB, a cantora não chega a rejeitar o rótulo, mas prefere não ficar tão limitada a ele:

"O rótulo da MPB ficou limitado. Ele é bem abrangente, afinal é música popular brasileira. E me considero isso. Quando vou fazer um som, me alimento do que gosto e, como muitos outros da minha geração, me alimento não só de coisas específicas. Gostamos de ouvir música da Jamaica, agora estou escutando música etíope. Não penso que [tipo de] música estou fazendo. Simplesmente faço um som."

Fazer um som é com ela mesmo! Quer dizer, com elas!

domingo, 7 de março de 2010

A minha redescoberta do circo

Acrobracias, trapézios, mágicos e palhaços.
Sempre achei o picadeiro um lugar fascinante!
Os olhinhos das crianças brilham; pais ficam boquiabertos. A atmosfera é totalmente particular e única!

A gente cresce, começa a estudar, trabalhar e deixamos algumas coisas de lado. No meu caso, foi o picadeiro.
Há muito tempo não pisava num circo. E continuo sem o fazer.
Mas no mês passado, tive o prazer de estar presente numa apresentação do Cirque du Soleil, com o espetáculo Varekai.
Para dar um toque ainda mais especial, tudo isso aconteceu no Royal Albert Hall. Lotado!

Todos a postos, hora do show.

E que show!

Um jogo de cores e luzes, fantasias que se confundem com o cenário, músicos que dão andamento ao espetáculo, acrobatas que mais parecem mágicos no ar e mágico e sua ajudante que com um ar caricata, nos alegram a cada aparição.

As 3 horas de apresentação passam mais rápido do que o intervalo de 20 minutos no meio do espetáculo. Aplausos, suspiros, mais aplausos, rostos satisfeitos na platéia e no palco, porque sabem o quão foram perfeitos mais uma vez.

Ao sair do Royal Albert Hall, o que via eram crianças tentando imitar os movimentos dos garotinhos "chineses".

Esse sentimento é o que os artistas tentam despertar na gente.
Essa é a magia e a genialidade do circo.

E isso é Cirque du Soleil!