sexta-feira, 4 de março de 2011

"E ali, mesmo em meio a tanta gente, eu estava só. Completamente sozinho. Era como se ninguém me visse, mas, ao mesmo tempo, todos os olhos estivessem voltados pra mim. Sentia uma vontade enorme de chorar. As lágrimas quase não obedeciam mais ao meu pedido: "por favor, não saiam, não se exponham assim." Eles não a entenderiam. A vontade de chorar era enorme, mas a vergonha era ainda maior. Eu ainda estava preso às amarras dessa maldita sociedade que abomina os sentimentos. O abraço, o beijo, o choro.
Se eu não queria que ninguém me visse chorando, então, decidi chorar para dentro. Meus olhos ardiam. Vermelhos, de raiva, de vergonha, de vertigem. Chorava daquele jeito, pois assim, meu eu-de-dentro (obrigado pela genialidade Clarice!), seria limpado. Pobre eu-de-dentro! Quando assumiria o controle da situação?
Tentei enxugar os olhos, mas não havia nenhuma lágrima para secar. A dor era passageira, já a tristeza duraria um pouco mais. E naquele momento, eu senti que meu eu-de-dentro ainda ficaria molhado por um bom tempo."


(Luiz Monaro Soares)


"Quando já não tinha espaço, pequena fui, onde a vida me cabia apertada..."


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