Nos juntamos ao redor da mesa, e ali, celebramos o que temos de melhor: a amizade. Gargalhadas, conversa fiada, um copo de Coca-Cola.
Fazia frio, e a garoa fina só aumentava aquele tom de saudosismo já presente. Tentávamos agir, como se aquela fosse uma noite normal.
- Hum, recebendo mensagens de qual namoradinha hein?
- Que nada! É de um amigo só.
Silêncio. Não era uma noite normal. Em poucas horas, um de nós quatro pegaria suas malas e partiria pra longe, bem longe daquela mesa. Das risadas, da conversa fiada. A Coca-Cola, ele até teria por perto. Ou melhor, no caso dele, uma Fanta uva! Mas o gosto não seria o mesmo.
- Tá preparado?
- Ah, quase. Falta terminar de arrumar as malas.
Ele não havia respondido nossa pergunta. Não queríamos saber de mala nenhuma, mas, de como estava sua mente e seu coração naquela hora.
Tocamos no mesmo assunto, mais três ou quatro vezes, quando o que normalmente faríamos seria dizer, "galera, já vou nessa, marcamos algo pro fim de semana." Mas, não haveria fim de semana juntos por um bom tempo. Não haveria o dia do amigo. O churrasco costumeiro, o amigo secreto de final de ano, as conversas nos bancos da igreja, no trem ou em qualquer lugar.
Nos faltava aquela palavra. Nenhum dos quatro em volta da mesa tinha coragem de trazê-la à tona. Ficamos calados por alguns segundos, imersos em seus próprios pensamentos, tristezas e pesares. E ali, havia chegado a hora.
- Preciso ir, porque trabalho amanhã.
Mais algumas frases trocadas antes do último adeus, do último abraço.
- Se cuida brother, você vai fazer falta.
Não adiantava mais chorar, mas contemplar aqueles últimos momentos juntos.
A palavra que faltava havia chegado e tomado seu lugar à mesa.
(última conversa com o Rafa antes da ida dele ao treinamento da OM - Jé e Jasão, obrigado por compartilharem esse momento! Amo vocês 3!)
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