terça-feira, 25 de agosto de 2009

25/08 – Dia da Infância – Há razões para comemorar?


"Deixai vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, pois dos tais é o reino de Deus" (Lc. 18:16)


“Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!” (Casimiro de Abreu)


Como disse Casimiro de Abreu, neste pequeno, mas profundo trecho do magnífico poema Meus oito anos, “que saudades que tenho da aurora da minha vida”!
É tão bom ser criança né?

Pena que essa felicidade não é privilégio de todas as crianças! Muito pelo contrário! São poucos aqueles que conseguem passar as tardes “à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais”.
A maioria passa não só às tardes, mas as manhãs, as noites, os dias de sol, de chuva, em faróis, mendigando uns trocados, se humilhando por centavos, renegados à própria sorte.

“Que vai ser quando crescer?

Vivem perguntando em redor. Que é ser?

É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou?

Tenho de mudar quando crescer?

Usar outro nome, corpo e jeito?

Ou a gente só principia a ser quando cresce?

É terrível, ser? Dói?

É bom? É triste?

Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?

Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.

Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a?

Posso escolher?

Não dá para entender. Não vou ser.

Vou crescer assim mesmo.

Sem ser Esquecer.” (C. D. de Andrade)


Ê Drummond, desculpe-me te parafrasear e mudar teu poema, mas é de se “pensar que muitos nem poderão escolher o que vão ser.
Mesmo assim vão crescer,
Mas na verdade, serão Esquecer.

Até quando?


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Olhemos com outros olhos para as nossas crianças.
Pro nosso hoje, pro amanhã.
Que elas possam rodar peão, jogar bola na rua ou soltar pipa.
Jogar videogame, computador ou o que quer que seja.

Como Casimiro, que um dia eles possam

“Pés descalços, braços nus
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis.”


3 comentários:

  1. Como fiquei envergonhado e maravilhado com essa crônica.
    Envergonhado pela situação de nossas crianças e por não conhecer esse poema do Drummond. Mas maravilhado com as belas palavras sobre o "SER alguma coisa".
    Abraço
    Rafael Bertolino

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  2. Que maravilhosa Crônica!
    Pelo fato de ser um assunto que amo tanto.
    E por abordar tão bem algo que me deixa tão triste.
    Que Deus venha ter misericorida daqueles que são o futuro da nossa nação

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  3. Belo blog, Luiz. Curti a idéia. E mto bem escrito tbm!
    To preparando o meu com coisas sobre a minha pós.
    Bjs
    Cinthia

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