domingo, 9 de maio de 2010

Drummond e as mães


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

2 comentários:

  1. Esse é um dos poemas mais lindos dele, no meu ponto de vista. Ano passado, na surpresa que eu fiz para minha mãe, coloquei alguns pedacinhos desse poema.

    E sabe o que mais, a gente vai ser grão de milho até ser mãe (ou pai) um dia. E isso é lindo.

    Ingrid Brasilino

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  2. Ingrid,
    Incrível como Drummond consegue de maneira tão sutil, definir o homem!

    E quem nos compararia a um grão de milho, a não ser Drummond?

    Concordo contigo!
    É lindo!

    Grande beijo!

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