terça-feira, 5 de outubro de 2010

O trem nosso de cada dia - Parte 1 (ou poderia se chamar: a mentirosa lei de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço!)


Você já pegou trem, às 6 da tarde, em qualquer sentido? Não? Então, experimente!

É uma experiência mística, sobrenatural e única (e você vai mesmo se sentir em um corpo só, unido de forma involuntária à pessoa ao lado. Ou, às pessoas. Mais provável).

Agora, se você já pegou trem assim, talvez possa me responder uma dúvida que eu sempre tive, mas nunca consegui entender. Lá vai: "Existe alguma proibição para as pessoas que entram no trem não passarem aos corredores?

Ah, não existe é?

Então, por que raios as pessoas se amontoam na frente da porta? E ainda acham ruim, quando você tenta entrar, mas como ainda não possui o poder de teletransporte (juro que oro todo dia para que o Steve Jobs descubra isso logo), tem de sair esbarrando em todo mundo.

Aí, chega a hora de descer e é aquele alvoroço: Dá licença! Vai descer na próxima? Ihhh, minha mochila ficou! Até resgatá-la no meio da multidão de pés que se pisam, a marmita já abriu e lascou-se tudo!

Um dia, eu ainda vou entender isso!

Algumas possibilidades já surgiram e eu as tenho analisado de maneira bem criteriosa.

A primeira delas é o fator chamado: atividade física (de risco, pros outros).

O sujeito sai tarde do trabalho. Sem tempo (entenda-se dinheiro aqui) para fazer uma academia, ele encontrou uma alternativa prática. Segura no ferro ali na frente da porta e põe toda a sua força à prova, pra não ser levado pra fora quando chega em alguma estação. E tem dado resultados.

- Rapaz, ontem eu não fui arrastado nenhuma vez pra fora! Tô até me sentindo mais forte. Meu braço já cresceu um bocado.

O outro nem responde. Talvez não tenha tido a mesma sorte.

Uma segunda possibilidade é o que eu chamo de "vontade de ferrar com a vida alheia".
Sabe aquele cara que pensa, "já que eu tô ferrado mesmo, vou ferrar os outros"? Pois é! E ele achou o jeito perfeito. Ficar parado feito uma múmia na frente da porta, quando ele vai descer dali uma hora. Detalhe: põe os fones de ouvido (às vezes, sem música), só pra complicar de vez.
E aí, você tenta descer e a estátua (mesmo sabendo que você está atrás, continua se fingindo de estátua), ainda faz cara feia.

E a terceira possibilidade que me ocorreu é a auto-flagelação. A pessoa leva a ferro e fogo aquele ditado, "pobre tem mesmo é que sofrer". Aí, fica ali na frente. Parado. Que nem um poste. Tomando mochilada. Sendo encoxado (desculpem-me o termo mas é o mais exato!). E reclamando do governo! Se quer sofrer, que sofra, mas que abra caminho porque sofrimento eu já tenho demais!

É cada uma que me aparece!

Eu só tenho vontade de fazer uma pergunta pra essas pessoas que alegram meu dia, cada vez que eu uso o trem: "custa ir pro corredor?"


Em breve, O trem nosso de cada dia - Parte 2
Aguarde!!!

2 comentários:

  1. As pessoas ficam na porta porque acham que isso facilita na hora de descer... Mas não se dão conta de que outras pessoas descerão antes delas e se baseiam no princípio do "fodam-se tudo e todos, o que importa é o meu bem-estar".

    Como infelizmente nem sempre a boa educação é valorizada, muitas vezes precisamos nos comportar de forma hostil e usar o "braço" mesmo para descer... Se a pessoa está na frente, é folgada e visivelmente nem aí para vc, deve-se empurrá-la mesmo, não há outra alternativa.

    Infelizmente é esse nosso principal meio de transporte, cujo preço, provavelmente, subirá para 2,90 em 2011.

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  2. Despois que morrei na Europa, percebi que nas grandes metrópoles e em horários de pico, entrar em um trêm super lotado e ter de dividir o mesmo espaço com pessoas mal cheirosas é normal. Não é um problema social ao contrário dos que muitos imaginam e nem de logística.

    Entretanto, o que difere "lá" de "cá" é a boa e velha EDUCAÇÃO.

    Por mais que haja super lotação nos trêns/metrôs, "lá" todos se respeitam e são corteses. Honram até a porta de entrada e saída."Cá", não.

    Por isso, o melhor que se tem a fazer é esperar com que Steve Jobs descubra o poder da teletransportagem.

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